Com os corpos unidos ainda estremecendo de prazer, deste-me a tua mão, que ainda há pouco estava gélida e agora queimava. Olhaste-me, com um castanho humedecido e, num momento incontrolável, disseste… AMO-TE!
Uma palavra tão curta e interminável. Um hífen eterno que separa um desejo da sua impossibilidade.
Disseste-a com a intensidade de quem não suportava mais deixa-la viver dentro de ti, com um sentimento claustrofóbico e de solidão, que te provocava dor, que te queimava e dilacerava internamente.
Ouvi-a sem ter a certeza se tinha sido proferida por aqueles lábios ainda húmidos pelo último beijo, se por aquele olhar com um brilho molhado que jamais tinha visto.
Senti-a trespassar e percorrer-me. Em cada canto, visitou cada sentimento, cada dúvida, cada certeza (que por vezes se confundem e se anulam). O prazer dessa viagem foi forte demais. Foi violento. Doeu. E, quando tentou abandonar o meu corpo – se é que alguma vez o irá conseguir –, ficou aprisionada pelo entrelaçar das nossas mãos; pelo odor resultante da fusão dos nossos corpos.
Ficamos paradas no alto daquela palavra a olhar a encosta que subimos até lá chegar, com medo de olhar para baixo. Sem saber qual será o passo seguinte. Desejando que não haja passo seguinte. Desejando ali ficar eternamente.
1 comentário:
Sem palavras...
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